Em meio às trevas escuras algo ainda mais soturno tragava a escuridão para si.
O castelo erguia-se ameaçador e o caminho até ele era emoldurado por folhagens negras, galhos secos e aromas de horror, aos quais se podiam enxergar e sentir graças a algum tipo de feitiçaria malévola, pois as plantas, galhos e a terra irradiavam uma uma luz verde-azulada oscilante, que se emanava viscosa e tenuamente, nao deixando dúvidas de que se caminhava nos domínios do sobrenatural.
Surreal era poder fazer parte daquilo. Enxergar o que a maioria jamais verá.
O Castelo das Retortas erguia-se frio, como uma lápide imensa, milenar como a dor também era.
A maldiçao dos vivos é nao pecar com o suicídio. A maldiçao dos mortos é estar vivo para sempre!
Conforme aproximaram-se da construçao sobrenatural escutaram seu som. As almas gemiam, o castelo vibrava em dissonâncias horripilantes.
Lá do alto, um aralto da morte, cego e surdo, como todos o são, identificou a presença do grupo. Exalavam medo. Tomou sua trombeta à tiracolo, soprou a poeira dos séculos e tocou o som que nenhuma criatura humana jamais conseguirá emitir. Um som bestial, que arrepiou os corpos dos que ali estavam, amoleceu suas pernas e gelou cada coraçao.
A coragem de Enna vacilou no peito. Um sopro pestilento e malevolo ameaçava devastar sua alma e as almas dos que a acompanhavam...
Sonhorama - 2014
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