terça-feira, 1 de agosto de 2023

G. Schnei

Enquanto você participa dos teus negócios escusos no inferno, vou até a boate do mesmo.

Lá beijo garotas ao longo de toda a madrugada tenebrosa. Elas sentam no meu colo, sobre o sofá de veludo negro e oferecem os lábios rubros. Suas jóias espalhafatosas tilintam enquanto as agarro pelo pescoço mergulhada nos mais delirantes aromas.

Quando a música acaba, pulamos cadáveres aqui e ali, em direçao as portas metálicas da saída: tudo escuro. No limbo é sempre noite.

Despeço-me das garotas e subo na carruagem de cavalos negros. 

Ao cruzar o enorme portão da propriedade, encontro você. Olhos postos no chão, com mantos a cobrir-lhe todo. 

Grito seu nome

- Schneider!

Teus olhos se erguem e a expressão mantêm-se pétrida.

Viro para frente enquanto me recordo que não nos falamos mais. Faço os cavalos galoparem com um estalo de chicote. Teus negócios acabaram por hoje. Os meus também.

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Mesmo que siga sozinha. Não estou sozinha.