Ando com medo de olhar para baixo, para dentro dos túmulos e encontrar você lá, buscando seus crânios. Você puxando meu pé de repente e rindo descontroladamente do meu susto ingênuo. Aperto o passo no mormaço estanque. Um sabiá atravessa com os pézinhos tamborilando o cimento, furtivo. Não escuto os pés, mas imagino. Há tanto sol que nem se percebe o silêncio. Imagino os insetos, e os corpos mortos, festins privados em orifícios inimagináveis. E quando venta? Tem que ser contra mim. As plantas e fragmentos da cidade grudam na pele, coçam.
Posso ser seu túmulo, se você quiser. Te espero vazia, num abraço de morte. Mas tem que ser eterno, é minha condição! Se você deitar comigo saiba que não se levantará, a nao ser no reino sombrio, e lá seremos um para sempre.
Não quer? Precisa pensar?
Eu sei!
03/10/18
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